sexta-feira, 16 de julho de 2010

Comemoração

Hoje está escrito na primeira página do jornal:
"Após uma maratona de 14 horas, o senado argentino aprovou o casamento entre homossexuais..."
Acho que só temos motivos pra comemorar, sinal dos novos tempos. Estamos nos dando conta de que a mudança é necessária. A era conservadora católica está perdendo força e uma esperança desponta. Quem sabe em breve seremos uma sociedade mais tolerante e agregadora?
Em função dessa notícia resolvi postar um trecho de um livro que lí há muito tempo e adorei o modo como a autora descreve as relações em geral, naturais da vida...

Por que existem dois sexos? Pela mesma razão que cortamos as cartas de um baralho antes de as embaralharmos. A reprodução sexual é um método elegante de garantir máxima diversidade biológica. No entanto, não descreveria a qualidade essencial do fluxo de energia erótica que sustenta o universo como sendo uma polaridade feminino/masculino. Fazê-lo significa determinar os relacionamentos humanos heterossexuais como o padrão básico de todos os seres, relegando outros tipos de atração e desejo à condição de desviantes. Esta descrição não somente torna invisíveis as realidades de homossexuais e bissexuais; ela também isola todos nós, independente de nossas preferências sexuais, da intrincada dança de energia e atração que podemos sentir em relação às árvores, flores, pedras, o mar, um bom livro ou pintura, um soneto ou uma sonata, um amigo íntimo ou uma estrela distante. Pois a energia erótica inerentemente gera e celebra a diversidade....

...Em um mundo no qual o poder e o status são concedidos de acordo com o sexo, inevitavelmente nos identificamos com o nosso sexo de maneira primária. Em um mundo onde a preferência sexual é uma premissa para privilégios ou opressão, inevitavelmente nos identificamos com a nossa orientação sexual. Mas, considerar uma forma específica de união sexual como o modelo para o todo é uma limitação injusta para nós mesmos. Se pudéssemos, ao contrário, tomar o todo como o modelo para a parte, então quem ou o que escolhêssemos para amar, mesmo que estejamos sós, todos os nossos atos de amor e de prazer refletiriam a união da folha e do sol, da dança cíclica das galáxias ou o lento desabrochar do broto em fruto.

Starhawk

"A dança cósmica das feiticeiras"

3 comentários:

Anônimo disse...

Grande avanço o deles. Já mandei mensagem de congratulaciones para os amigos argentinos.
Vamos ver quantos anos ainda vai demorar para que os nossos políticos tenham a mesma coragem...

Beijos,
Deb.

Anônimo disse...

Acho que só quando tiverem um grande interesse político por trás.
Beijo

Mauricio disse...

Engraçado, não são só os homossexuais que são oprimidos na nossa sociedade. Os heteros tb. Segundo a igreja, sexo só pra procriar. Segundo a moral hipócrita da sociedade, o bonito é a monogamia. E os nossos sentidos? E os instintos que em tempos antigos eram fundamentais para a sobrevivência da espécie? Você tá andando na rua e sente atração por uma pessoa que nem conhece, o que tem de errado nisso? E porque reprimir os sentidos? Acho que a violência tem uma raiz nessa repressão. Não faço apologia a traição, até pq não quero ser traído mas, por outro lado, não quero ser dono de ninguém e nem propriedade privada.
Ainda temos um longo caminho na escala da evolução. Espero estar vivo para ver as mudanças.