segunda-feira, 11 de julho de 2011

João e Maria




Eu queria um dia te colocar no colo ao som de “João e Maria” e poder dizer ao seu ouvido que "no tempo da maldade a gente nem tinha nascido".

Sou simpática com a dor que sentes do mundo e compartilho da realidade que você me traz ao me mostrar um quadro de horror.

Dou a mão pra você e seguimos brincando de roda, ainda envoltos numa pureza que a vida insiste em matar.

Sinto tudo o que sentes às avessas, dores similares por motivos diferentes.

Sinto a dor de seu peito pelo amor que está no meu, por ti.

Um amor de mãe que protege sua cria com medo de escuro.

Um amor de irmã mais velha que não te deixa apanhar na escola.

E a vida insiste em girar e descer os que estão no topo e elevar os que estão embaixo.

Como os anos me abrem os olhos e vejo pessoas se tornarem urubus sobrevoando vidas, sugando para, no momento da morte, nos devorar.

E, como num passe de mágica, em apenas uma noite, percebo que pessoas tão próximas podem ser inimigos íntimos. Íntimos por nossa culpa.

Mais uma vez o conto de fadas que construímos em nossa vida está mais pra “Mulheres que Correm com os Lobos” ou “Andersen” do que para “Disney”. Que a morte como final é real, mais do que o “viver feliz pra sempre”. E que “João e Maria” do Chico é para poucos, assim como é pra nós dois.

“Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha medo” Em tempo de maldade é só aprender a se proteger. Deixa que meus mais dez anos de vida te guiem pela mão, fazendo o caminho que nossos pais nos levavam quando éramos criança. Desviando dos pequenos perigos proporcionais ao seu tamanho. Agora és grande, os perigos também os são, mas não maiores que você.


“Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim. Pra lá desse quintal
Era uma noite que não tem mais fim” Mas aqui, no quintal que construímos, é dia de sol eterno.

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