terça-feira, 12 de abril de 2011

Da série: Aprendendo a ser só. "E MARIA CHORA"



Maria saiu num domingo com amigos, entre eles estava um flerte não concretizado. No Sábado tinha dado uns beijos num gatinho que estava interessada desde tempos antigos. No domingo tinha esperado algum recado dizendo como tinha sido boa a noite, querendo vê-la novamente... Essas coisas que geralmente mulheres esperam. Nada de recado! Nem um alô, nenhuma mensagem até a noite desse domingo, quando Maria resolveu sair com amigos.

A cerveja rolava solta, as garrafas vinham, esvaziavam e eram trocadas por outras cheias. Os copos não ficavam vazios, o papo fluía e o tom aumentava a cada rodada. Uma noite divertida. A carência da falta de notícias de sábado camuflada pela alegria do álcool.

Maria é uma mulher interessante, tem vários homens que dariam tudo pra ficar com ela, outros que dariam o mundo por ela. Ela não daria nada por nenhum deles. Os que ela daria não parecem dar nada por ela. É uma falta de sintonia e comunicação que parece dominar essa geração. E Maria segue se divertindo algumas vezes com os errados, matando um pouco da carência que a domina em alguns momentos, às vezes aumentando a solidão que sente com o objetivo de diminuí-la.

Arrastou o flerte do dia pra cama e começou como uma leoa no cio, dominadora, engolindo o macho indefeso. E o jogo vira. O macho entra na jogada e domina a fêmea, a penetra de forma rude, achando que é isso que ela quer. E era isso que ela queria. Mas não queria mais. Maria vai se sentindo pequena e agredida, seu corpo se fecha e desarma. Toda a emoção camuflada vem a tona e Maria chora.

Maria se lembra de todas as vezes que homens a penetraram quando ela não queria e quando ela consentia, quando ela tinha medo de dizer que não. Seu corpo guarda a lembrança de homens que entraram sem bater, invadiram seu corpo com sua boca dizendo sim e sua alma gritando não.

Então Maria chora. Os bichos viram pessoas, O leão lhe dá colo e a leoa vira uma gatinha acuada indefesa, exposta. Colo. Era o que Maria queria desde o início. Não queria sexo, não queria álcool, não queria dominar nem ser dominada, queria colo. E Maria chora.

5 comentários:

Anônimo disse...

Profundamente comovido com Maria, fico a pensar quantas existem no mundo e quão duro o mundo tem sido com elas na cama: onde ela ama tesões e pranteia vazios.

Não sei exatamente a que fim Maria se destina, mas eu espero que encontre, ela e todas as outras, uma cama em que possam sorrir.

Jana disse...

... Sorrir, chorar, amar... Ser ela mesma sem achar que só recebe afeto através do sexo. Recebe também, mas não só. E que ela possa pedir amor sem sentir que tem que dar sexo em troca. Será que um homem entende isso meu caro amigo Kano?
Te adoro e amo a sua sensibilidade, um homem bem especial!

Anônimo disse...

Sexo é consequência, não causa. Se Maria entende isso, Maria sorri. Se Maria não entende isso, Maria chora. Tudo bem que sorria, tudo bem que chore, desde que Maria seja apenas Maria, e não outra.

Especial é a vida, quando um homem a vive.

... disse...

Se alma tem pêlos, todos se arrepiaram...

... disse...

Se alma tem pêlos, todos se arrepiaram...